Imagine a seguinte situação: um homem comparece a um casamento vestido de pijamas, com a barba por fazer, o cabelo despenteado e de quebra ainda claramente alcoolizado.
Não seria nenhuma surpresa que a entrada desse homem fosse barrada devido à inadequação de sua vestimenta e conduta. Mais do que isso, seria a atitude esperada e saudada pelos demais convidados e especialmente pelos noivos, visto que a presença de alguém nestas condições seria motivo de desgosto e escândalo.
Sabemos que, no exemplo acima, a situação demanda uma forma de vestir-se e portar-se que seja condizente com sua solenidade e beleza. Os convidados não podem vestir-se e portar-se como bem entenderem, pelo contrário, todos se vestem e se comportam com o maior esmero e cuidado possíveis.
Não é diferente no universo da música litúrgica. Sendo a missa o núcleo da vida espiritual de todo o católico e lugar de encontro com a presença real de Cristo na eucaristia, simplesmente inexiste uma situação mais importante e solene do que ela.
O que são os tapetes vermelhos do Oscar e os canudos de formatura perto do encontro real e pessoal com o Verbo de Deus humanado, redentor da humanidade?
Se existem regras de etiqueta e vestimenta para os eventos sociais, se entendemos que estas regras não são aleatórias e que seu seguimento engrandece tais eventos sendo sinal de respeito e honradez, quanto mais não devemos observar a dignidade com a qual nos apresentamos para a Santa Missa.
A dignidade perante os santos mistérios atinge também o canto que será endereçado a Deus. Em sua encíclica Ecclesia de Eucharistia, São João Paulo II escreve que: “nem todas as expressões de artes figurativas e de música são capazes de expressar adequadamente o Mistério acolhido na plenitude da fé.”
Tenhamos bem claro que, quando se trata de música litúrgica, qualquer coisa não serve. Não podemos tratar com descaso e leviandade este setor vital da liturgia. Pelo contrário, devemos sempre buscar, tal como os bons convidados do casamento, apresentar-nos da melhor forma possível como resposta à imerecida e insondável dita de poder participar do banquete do cordeiro.
Por: Lucas Casagrande
Perfeito!
Ótimo!
Infelizmente os documentos deixam muitas ambiguidades e dúvidas a respeito de muitas cosias. Por exemplo quando se fala de aculturação, gestos, etc….É aí que começam as confusões, pois há interpretações das mais variadas, cada um querendo fazer valer a sua opinião.
Também tenho dúvida em relação a aculturação. Pois muitos acham que se deve colocar tudo que é da cultura local na celebração. Afinal o que é aculturação dentro da liturgia?
Olá, Socorro! Muito pertinente sua dúvida. O assunto é vasto, mas de forma simples e segura podemos dizer que a inculturação, ou aculturação como dissestes, é quando a Liturgia absorve e harmoniza elementos da cultura local (podem ser linguísticos, históricos ou artísticos). O que não pode ocorrer é o contrário, quando os elementos culturais locais tem a primazia e são eles quem incorporam elementos da liturgia, isto não é correto e o resultado invariavelmente é desastroso.